quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Sessão de Encerramento

Abrir Janelas - Outras Formas de Ver

Organizada pelo CRTIC das Caldas da Rainha, decorreu no passado sábado, no auditório da CMCR, a sessão de encerramento da Ação de Formação – “Necessidades Educativas Especiais: Diagnosticar, Intervir e Partilhar”.
Esta formação no domínio da cegueira/baixa visão surgiu como resposta às necessidades dos docentes do Agrupamento de Escolas Raul Proença, o qual foi considerado, já durante o presente ano letivo, escola de referência para alunos cegos e baixa visão para todos os níveis de ensino. 
Nesta última sessão estiveram em destaque as questões da mobilidade e da acessibilidade que foram tratadas pelos diversos convidados.
 Durante a manhã fomos introduzidos no mundo fascinante do treinamento de cães guia através da exposição da Dra. Ana Filipa Paiva, responsável pela Escola de Cães Guia para Cegos de Mortágua, certificada internacionalmente para o treinamento destes ‘amigos’ indispensáveis para a mobilidade e aumento da qualidade de vida da pessoa cega. Entre muitas outras, ficámos a saber que face à procura e às exigências da sua formação, a lista de espera para a obtenção de um cão guia demora, em média, três anos e que estes são entregues gratuitamente aos candidatos.


              Na Parte da tarde, o Dr. Miguel Neiva, criador do Projeto ColorADD, um projeto inovador que em muito pouco tempo ganhou prestígio internacional, como um código universal de reconhecimento de cores que visa facilitar a vida aos portadores de daltonismo que constituem cerca de 10% da população masculina mundial. Tratando-se de um défice invisível e muito pouco divulgado pelos próprios portadores, o daltonismo, nas suas diversas formas, causa constrangimentos e dificuldades inimagináveis na vida quotidiana, basta pensar o quanto a sociedade atual é centrada no aspeto visual e na cor (cerca de 90% da comunicação no mundo é feita através da cor). Atentemos na importância desta nos sinais de trânsito, nos hospitais (os medicamentos, os percursos internos, as cores na triagem – modelo de Manchester, …), nas escolas, no vestuário, etc. Verdadeiro ovo de Colombo, pela sua simplicidade, pois baseia-se em símbolos atribuídos às cores primárias e depois a combinações destes, exemplo:

Permitindo assim que cerca de 350 milhões de pessoas em todo mundo deixem de sofrer silenciosamente com este problema e com a discriminação que ele por vezes encerra. Que o diga o nosso Carlos do Carmo ou, como poderia ter dito um dos mais famosos ‘daltónicos’ de sempre, Van Gogh.

 A sessão terminou da melhor forma com o depoimento tocante da Dra. Ana Paula Sousa que, na primeira pessoa, nos relatou a experiência de quem nasceu com limitações visuais acentuadas e acabou por cegar totalmente na infância, mas que apesar disso, ou talvez por isso, teve e tem um percurso de vida totalmente preenchido com atividades que vão da natação à música; com a sua vida de mulher e de mãe; terminando num percurso académico brilhante que, por poder servir de exemplo, referimos nos seus traços gerais: Licenciada em Psicologia; Mestre em Ciências da Educação, com especialidade em Psicologia da Educação; Pós-Graduada em Comunicação Alternativa e Tecnologias de Apoio; Pós-Graduada em Formação Especializada em Alunos Cegos e com Baixa Visão; Doutoranda em Educação, com a problemática "A didática do Sistema Braille e o desempenho literácito de alunos com deficiência visual".

Este evento, aberto ao público, que decorreu com o interesse e agrado geral dos presentes, pode ser um contributo e um alerta para todos os que pugnam por uma sociedade mais justa e inclusiva e talvez sirva para, futuramente, atrair também aqueles que por inerência das suas funções devem ter um papel ativo a desempenhar nesta matéria.






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